domingo, 29 de janeiro de 2012

Canção Batida

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até aqui, sorrisos, canções, mojitos e cigarros. 

mais ali, calor, amor, cadência. 

e no depois, se observam. 

- o que há nos teus olhos? nos meus já não sei... 
- há existência. pura e simples. 
- e há também solidão eu sei. também há em mim. e não me importo. alias, sou muito apegado a ela, me faz bem, meu bem. vejo a maioria das pessoas exigindo as vezes o direito de ficar só. já eu, eventualmente preciso de companhia, eventualmente preciso de sexo...  
...mas o sexo, até hoje tem sido o orgânico, então não é problema.  agora, raramente, preciso de amor. tudo se mistura e dá um nó e, mesmo assim, mantenho a serenidade... 

olhou e viu que ela adormeceu. lhe tirou os cabelos do rosto, apagou o abajur e a acompanhou.




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Você já desistiu de seus sonhos, 
só não percebeu ainda 

escolheu não ser mais artista, escolheu não ser intelectual. estudou as letras e esconjurou. até hoje, procura esquecer, a vida é assim, aprende-se pra depois esquecer. 

haroldo girava sobre seu eixo numa ciranda permanente, intermitente, continua. 

cimento, com o ferro, maçarico, fogo, cuia, com o solvente e o zinco. hoje sua cervical se orgulha de estar sendo usada em sua totalidade. 

sua vida é despretensiosa. ri por não ser ninguém, e afortunadamente, está certo. haroldo não é um sujeito. haroldo é apenas um lugar e um local, demasiadamente humano e ignorante, onde as coisas acontecem. 



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sábado, 21 de janeiro de 2012

Frases soltas ideias nem tanto

Ela dizia não, mas seu corpo contorcia em um sim...

Era manhã de domingo e ele estava feliz por ter apenas acordado. Já na madrugada seguinte ele queria se jogar do décimo andar --Chamou Samanta de Sonia

Sua lágrima não era mais salgada...agora era meio doce...será diabetes?

Refez o caminho pra ver se encontrava o que perdeu...ninguém perde o que não tem.

Mais uma vez acertava 3 números na mega sena...quase sorte no jogo, significa o que mesmo?

E agora? o bom e o ótimo viraram inimigos mortais...

Dizia que o tempo ia mudar, qual tempo? Aquele que você me deu?


sábado, 14 de janeiro de 2012

E. A.

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- meu nome é jair,
- oi jair.
- tenho 26 anos e sou viciado, não escrevo ha 182 dias...






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Nasceram Flores

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naquele dia desde cedo lhe surgiu uma estranha coceirinha por cima da orelha esquerda. uma certa dormência.

jana usava um vestidinho bem curto. caminhava contendo-se, parecia recear que a priquitinha de repente saisse voando. não que se importasse se a pombinha batesse asas e voasse. mas não daquele momento, não era esse o tipo de glória que ela gostaria que ficasse em sua memória.

mediu com exatidão na mão a quantidade de creme pra pentear, durante o trajeto foram exatas145 olhadelas no espelho para conferir o visual. chamou a atenção, cada uma delas, uma pequena veruguinha, que aparecia e crescia ali, no local da dormência, agora promovida a ardência. respirou fundo: abstráia memina, ainda tô gostosa.

e agora no palco do seu raul gil, chegara o momento de sua revelação para o mundo. escolheu a dedo a canção. tamanho bom gosto, não foi o suficiente prara driblar as vontades e duvidosas dos jurados.

e em seus passou resignados em direção a cochia é que realmente lhe descobriram. lhe nasciam flores.

nasciam flores.




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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O menino das pétalas pretas

Já há algum tempo eu estava ansioso para pegar a menininha na porta da escola, como tinha prometido...

Agora, tudo que eu consigo me lembrar é a cena.


[saída temporal]


Eu não deveria ter chamado seu nome... Eu e essa minha mania de fazer alarde sempre dá nisso. O fato que na hora em que cheguei, ela estava de costas, com os cabelos amarrados feito um rabo-de-cavalo, os livros numa mão. E com a outra mão ela segurava a mão do menininho, que conseguia ser ainda menor que ela...

E como ele era frágil e belo, parecia um anjo sendo cuidado pela minha garotinha...

Um menininho todo feito de pétalas de flores pretas... Parecia até sonho, eram flores de fato, não que eu precisasse de confirmação, mas só pra registrar, eram flores de fato. Ele nem se mexia. Ela o segurava pela mãozinha como se fosse feito de cristal.

Se eu fosse mais calmo poderia me aproximar primeiro sem evocações, (uma coisa tão simples, tão pura, não resiste a isso) e sentir seu perfume, junto à garotinha... Mas esses meus vícios provocam isso, deixam as atitudes fraternais sempre no campo das idealizações... E eu já há algum tempo prometi não me martirizar, porém de ser patético eu não escapo.


[regresso]


Eu chamei seu nome e na hora que ela se virou e soltou sua mão. Ele caiu pra frente, relativamente sólido, como uma flor que desabrochou há pouco e desmanchou... Agora o vento se encarregará dele.

Enfim... Enquanto a garotinha me olhava, tudo que eu podia fazer era olha-lo. E lamentar.






outono de 2007





quarta-feira, 4 de janeiro de 2012






"irmãos, a buceta não vale o esforço que fazemos"



gritava desembestado o pastor Oséas na praça Lauro Gomes




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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

cartas

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Fiquei durante um bom tempo prevendo esta carta. Possivelmente a última. E eu sei que agora é o momento, o que não significa que eu tenha certeza que as coisas vão dar certo ou errado.

Estou realmente cansado. Não é uma queixa, é um efeito colateral.

Também lhe digo essas coisas porque faz tempo que você não se faz presente e eu não a culpo, alias, como eu poderia culpa-la, é o melhor que faz.

Pois a ausência foi um ponto importante, pelo menos pra mim, foi aí que eu pude entender,.A resposta seria sim ou não. E foi o não. Isso me chateia um pouco. Mas nada insuportável. E isso tem um lado bom também; desci da corda bamba. E agora, aqui de baixo, posso contemplar o que houve.

Aconteceu o seguinte.  Você tornou-se minha heroína pessoal, por mais estranho que isso pareça, sei que é bem possível, quase certo que você não aceitará tal condição. Mas eu não fiz isso de propósito, primeiro eu senti medo de que fosse um estranho tipo de obsessão que estivesse surgindo em mim, mas depois de um tempo, um longo tempo, foi que eu compreendi que era simplesmente um caso de admiração crônica.

Pois é... eu também não sei como isso foi acontecer... logo eu, que não acredito em heróis.

Mas no presente não você precisa se preocupar com todas essas coisas; não sei por onde você anda e isso evita que eu cometa mais alguma bobagem. E agora eu pretendo acalmar meu peito, pois deus sabe que meus motivos nunca foram nobres. Isso também não aconteceu de propósito, um certo dia eu cansei de ser que era, então projetei uma nova vida livre de sofrimentos, só que o mundo é assim: muitas vezes pra alcançar a imaginada felicidade acabamos por corromper nossas almas. E quando acaba um ciclo, fica tudo gravado.

Por isso chegou a hora de eu me calar, assim eu evito machucar alguém.

Desejo-te toda felicidade que for possível e deixo aqui o beijo que nunca aconteceu.

Adeus.


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Era a semana de seu aniversário.

Chegava em casa  tarde da noite, viu uma cena que não era inédita, porém dessa vez ele – a viu de fato. Três rapazes encostados conversando, uma esquina antes de sua casa. E um cão o encarava, Não nutria nenhum medo em especial por cães, nem pelos rapazes.

Fábio se aproximava dos rapazes. O cão notou sua presença, alerta. As orelhas se viradas para a frente, a cauda em riste, notou-se o peito inflar, aspira rosnando e respira com um latido esganiçado e alto. Projeta o corpo para frente repetindo e projetando o peito, de acordo com o rosnado e o latido/

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Nos últimos tempos esteve meio cansado, a rotina do banco já havia sido automatizada, nem assim ele perdera o gosto por trabalhar ali. O que o cansava mais eram os estudos, apesar de gostar das aulas. As provas estavam tirando o sono.

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Fábio era honrado de nascença, e inteligente. Aos vinte e um anos trabalhava no Unibanco, começou como continuo. Fez carreira, como auxiliar tinha um futuro promissor. Entrava as oito e saia as seis todos os dias. Constantemente levava trabalho para casa. Mas tudo valia a pena, era um grande investimento.

Estava no segundo ano de ADM, conseguia ser um aluno mediano. O que era bastante razoável tendo em vista o quanto trabalhava.

Isso era possível em virtude de sua intuição para

´a vida.


Carla cobrava mais de tempo do rapaz. No fundo ela o amava e sonhava com o futuro brilhante. Mas acima de tudo ela lhe confiava e sabia que se ele dizia que tanta dedicação era importante. Os pais sabiam que não tardaria a emancipação. Sentiam orgulho.

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/avançou até a perna do pedestre, com o objetivo de fazer o maior estrago possível.

Fábio o encarava, estudadva, andava devagar, como costumava fazer nesse tipo de situação só que dessa vez as coisas não ocorreram exatamente dessa forma. O cão avançou mais do que o esperado e mordeu seu tornozelo – os rapazes observavam – chutes brutais. A luta corporal se seguiu até que Fábio conseguiu dominar o cão.

Cravou os dentes no pescoço do animal, rasgando suas vísceras, mergulhou na hemorragia, até a morte – os rapazes observavam – sentia os nervos em sua língua.



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