segunda-feira, 17 de outubro de 2011

de segunda a sexta vou ao trabalho e faço tudo que se espera para parecer uma pessoa normal. em casa há um capitulo que cabe a compreensão da minha família, está sabemos ser uma relação, parte afetuosa, parte por conveniência.


hoje tenho 26 anos e uma vida cheia de confluências e intercessões.


hoje pensei em muitos que cruzaram mau caminho direta ou indiretamente e nas resoluções de suas vidas, por hora.


são duas da manhã e eu nem sempre me suporto. fico feliz que alguém tenha inventado os cigarros.


o  sono não vem. tenho a tv, tenho internet, tenho leitura e, por fim, o que me basta é a luz acesa, o restante de um caderno velho e mais uma tentativa de ser sincero, mesmo que para isso seja o mais cafona, o mais brega do mundo.


sei que os defeito, falhas e necessidades ainda estão aqui, não penso em nega-los, mas por outro lado, o X da questão é que não vou tentar transformá-las num tipo de ostentação decadente.


existem coisas que são decadentes por si próprias e estão em mim e, por mais que eu lave a pele, jamais vão sair.


hoje tenho 26 anos e, se é pra ser verdadeiro eu já aprendi, já sei de algum tempo de algumas coisas: o sexo não vale tanto quanto eventualmente eu faço alarde, eu sou um item que se emprega no mundo usando de uma forma auto-obsoleta-planejada e, a unica diferença entre mim e os outros homens é o meu lirismo, que trabalha criando um simulacro, um sanduíche, uma ceifada de realidade, uma mentira aceitável.


e o que eu quero? uma companhia de verdade, que me dê um lampejo de novidade que baste e valha pelas horas que se vive. no fim, paro de escrever e volto a encarar o infinito. 

terça-feira, 11 de outubro de 2011

A máfia dos artistas mirins


Devemos aceitar e acreditar, na necessidade e verdade de tudo que nos cerca, mesmo quando tal fato ou necessidade não são reais.

Sim. É claro. Convêm-te dizer isso hoje. Eu não estive e não estou preparado.

Sim? E que culpa eu tenho? Até então você se vangloriava de ser simplório. Não percebe que é um cão pedinte? E certamente, há uma verdadeira poesia nisso. Mas nem todo poesia será eternamente sublime. Há algo mais poético que o diabo?

Concordo. Tenho manias inacreditáveis.

Você criou um mundo fantástico que ninguém mais poderá habitar.

&

Desceu do ônibus e encontrou a simpatia na forma de uma jovem. Jovem que flertava por hábito.


Olá como vai?

Tranqüilo...

E aí? Ta fazendo o que?

Só indo pra casa.

Encosta a cabeça no obro: quer-me?

Onde?

Há certo receio. Aquilo não era correto, quisera ele, já há tempo abandonar esse moralismo que sabia não ser seu. E ele nunca o fizera seu de fato.

Em casa. Moro aqui perto.

Sim. Vamos.

Na casa havia uma festa. Um grupo de jovens num sofá, outros na cozinha preparando bebidas, gente em pé encostada na parede, tantos outros fumando no quintal. Mas não viu ninguém, ninguém o viu. Ele somente era conduzido e, mesmo assim, a perdeu. E isso o fez perder-se também. O que mais o incomodava era isso, ela nunca seria significante para ele. Logo: pouco importava. Saiu à caça sem ter fome.

Acordou.

&

Houve tentativas, mas ninguém o suportou. Diga-me: tem paciência de viver com deus? Ou culhões de suportar o diabo? Qualquer meio termo não vale a pena.

Fecha os olhos e vê.

Fecho os olhos e não vejo mais nada.

domingo, 9 de outubro de 2011

lira dos vinte e poucos anos


Cronicamente havia noites que eram mais agradáveis. Puxou a fitinha, abriu e tirou o primeiro cigarro do maço. No bar, Amanda era uma presença que figurava entre o maravilhoso e o divino, não que houvesse nela nada de extraordinário, mas sua existência, por si só, irradiava outras. Outras existenciais que viviam dias improváveis, milhões de existências de vinte e poucos anos.

Ele falava de política, ela de burritos. E, mesmo assim, tudo tinha uma dinâmica, um ritmo perfeito. Ele tinha uma recente história de elegantes, excêntricos e irônicos acontecimentos que o deixavam perplexo, mas em sua juventude de espírito sabia guardá-los para o dia que fizessem sentido.


Notícias de uma noite agradável qualquer


Já estavam na terceira dose de tequila, intercaladas por suquinhos de caju. Preferiram de comum acordo subjetivo guardar o melhor para o final.


O amor


Levantou-se as oito após uma noite de extravagâncias, felizes feito um demônio que corrói uma jovem. Banhou-se demoradamente e saiu. Na padaria tomou café e pediu um pra viajem para ela que ficara dormindo, na volta passou na banca e comprou o jornal. Sentia uma ultimas palpitações sexuais, um tipo de ressaca.

Chegando a casa ela estava no banheiro, passou direto e seguiu pelo corredor, recolheu a roupa usada e colocou na máquina, na volta se deparou com ela já na cozinha.

Um traseirinho flácido e pálido permanecia sem calcinha e encoberto por uma calça muito vagabunda de malha, já rota, desbotada e com alguns furinhos aleatórios. Nos pés uma chinelinha havaiana que, conforme ela andava faziam um chiadinho característico. Como que por surpresa e ela o recebeu com o olhar, espreguiçando-se ergueu o braços já levantando os cabelos em um maço único na nuca, deixando-os posteriormente cair sobre os ombros.

Andou displicentemente pelo piso da cozinha cujo esmalte já descolava e o abraçou a cintura.Naquele momento, pela primeira vez no alto de seus vinte e três anos, Daniel broxara.

fábula batatera

Josinete sempre fez o tipo moderninha. Piercing no imbigu, tatugem de tribal na barriga. Orgulhosamente os exibia todo verão passeando pela praça Lauro Gomes. E, ouvindo gracejos lançava olhares furtivos aos transeuntes do sexo macho, independentemente de credo, orientação política, condição financeira ou qualquer entrave do gênero.

Moderninha que era, guardava entre seus tesouros de cigana o CD autografado de seu grande ídolo, Felipe Dylon, cuja glória, ainda hoje, irradia o coração da jovem em questão.
Eis que, numa noite de quinta seu coração palpitou ao vê-lo de figurante na novela das oito. Este ostentava dreads de quase um metro cujo o cheiro, certamente pode-se presumir: suspeito.

Neste exato momento Josinete teve uma resolução.

O pessoal do Afroblackniggahair conseguiu momentaneamente dissuadi-la da idéia, seria impossível que cabelos já tão surrados por anos de abuso de alise & tinge suportassem tal procedimento.

Mas esse povo metido a sabichão nem imagina o nível de malandragem que Josinete é dotada e, hoje, contrariando todas as expectativas, a praça Lauro Gomes ganhou um novo ornamento. Belos e esvoaçantes dreads de buceta.