quarta-feira, 16 de abril de 2008

[subterfúgio do início de mês]

Oscar foi empurrado pelas próprias idealizações até chegar num ponto crítico. E o rompeu. Depois disso a única coisa importante foi o que sobrou do amor. Do seu amor, livre de conceitos. A sagrada prostituição de sua alma. Após a ruptura a transgressão tornou-se natural. Maquiavel não lhe dava alento, alias, seu princípio deixava-o desesperado. A suposição da morte o horrorizava, por isso entendia que a maioria das pessoas joga isso pra o inconsciente, igual o início da vida, esquecimento proposital do lugar que saímos e como caímos aqui. E a vida ganhou o soneto de fidelidade, o groucho-marxismo.


[subterfúgio risca de giz]

Levantava-se todos as sete para ir ao trabalho, com exceção dos dias de ressaca, sentia os miolos soltos dentro da caixa craniana, isto é, quando acordava a tempo. Semanas, meses e anos de amargura se passavam sem que Oscar se desse conta de que a vida passava. Contudo nunca reclamara de coisa alguma. Afinal, não era um sujeito típico e havia até, muitos que invejavam sua posição, inclusive José Carlos.
O pavil nunca deixa de queimar, por mais que pensemos que o fogo sinuoso estabilizado se dirigindo ao fim. Ora em outra, sempre há uma maior concentração de fosfato num ponto aleatório.
E foi isso. Oscar não quis leis de repente, mas estava disposto a negociar, seria sincero, sem ligar para o que deus ou o coelho da páscoa pensam. O fato é que ele queria algo e assim o fez. Demitiu-se. Através de seus subterfúgios, com todos os direitos trabalhistas e mais um pouco garantido.
Gatos vadios nem sempre se encontram. Roxelle que o diga.Oscar comprou um relógio de ouro e, sob medida encomendou um belo terno risca de giz, com camisa de linho branco, gravata de seda vinho e tudo mais... e apropriou-se de um metro linear num dos balcões mais caros da cidade., martines e cigarrilhas cubanas a vontade... até que atraísse as melhores putas. Mas só as melhores.

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