segunda-feira, 7 de abril de 2008

[subterfúgios do vício]

Caminhou a passos largos se ela tivesse sorte encontraria ainda um parceiro que quisesse lhe dar algum prazer naquela madrugada quente, acendeu um cigarro, mas estava tão alucinada que não viu que alguém a seguia. Ainda tinha lágrimas nos olhos, mas uma parte dela queria muito se satisfazer, a outra ficava com sentimento de culpa por ter lavado o único dinheiro que Pedro tinha.
Roxelle estava desesperada, não sabia o que fazer. Aquela divida imensa, não poderia mais pegar grana emprestada de ninguém, aquele agiota a quem devia estava a jurando de morte, o dono da boca que ela era amiga, já não podia fazer mais nada. Ele precisava jogar de novo, o que fazer? Ah! O ingênuo do Pedro deixou a carteira bem ali, “não Roxelle”, ela pensava, uma voz interior dizia que ele era legal e que não merecia isso, mas ela já estava desesperada, é claro que Pedro não sabia de nada, nem imaginava o cara só pensava em gozar, só pensava nas suas pernas abertas e de preferência que ela estivesse de quatro e se ela gritasse melhor ainda. Então ela pensou: “Vou pegar a carteira dele ele vai ficar “puto”, mas “tô fudida” mesmo, e ainda posso dar um tempo, nessa neura que ele tem por mim.”.
A Roxelle era linda, cabelos negros e olhos verdes, pela muito branca e uma boca totalmente desenhada e rosada, um corpo de deusa com um pouco a mais de quadril. Mas depois que o jogo se tornou um vício altamente consumível de sua alma vazia ela se tornou opaca, sem brilho, mesmo assim Pedro continuava apaixonado por ela, mas ela não acreditava em amor, sabia que era carnal, de pele, sabia que ele gostava mesmo era de uma boa metida. Já não tinha muito o quê perder ela já estava cansada daqueles dias em que suas noites eram de bebidas e muita transa, ela queria é sentir o pulsar daquele adrenalina, aquele medo, aquela ansiedade. Na verdade somos tão pequenos que precisamos sempre de um outro vício, e Pedro já não fazia muito mais a sua cabeça. Gozar, isso era pouco, mais que cocaína ela queria o prazer de um momento entre seu parceiro e seu adversário e um trago e um olhar impassível.
Com lágrimas nos olhos ela deu uma ultima olhada no seu dom juan as avessas e fechou a porta para talvez nunca voltar.
Ainda sendo seguida as lágrimas rolavam, mas na sua sandice nem percebia.


M. Charm

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