terça-feira, 1 de abril de 2008

[subterfúgio lotado]

[subterfúgio lotado]

São Paulo, 21 de Janeiro de 2007.

O metrô lotado fiquei pensando por quê? Tanta gente pra lá e pra cá. Aonde vão? O que pensam? O que fazem? Que medo, de repente poderia ter por ai um sociopata, não é mesmo? Com tantos traumas que levamos, essa pessoa ai do seu lado pode ser uma.
Dureza, ainda pegar todo esse transito de gente e ficar o dia todo em frente daquele “help-desck”. Naquela sala abafada e escura, e as pessoas esquisitas que ai estão para ganhar um tipo de esmola pelo seu trabalho. Ainda me livro disso, quase falei em voz alta e um companheiro de sela fez uma interjeição tipo “Hãam?!”, dei um aceno rápido com a mão, não quero contatos com ninguém hoje. Estou reclusa. Aliás, sempre reclusa, não consigo simplesmente chegar e conversar. Senti falta dele, ele sim me entende, é esquisito também, lógico não poderia atrair ninguém normal, não tem nada de normal nessa terra subversiva. Quero uma tequila estou cansada dessa monotonia. Mas preciso desse empreguinho de merda, ganho pouco, mas dá pra pagar o “cafofo” e ainda sobra uma grana pra tequila. Hora da alforria e sempre uma alegria, se alegria houvesse realmente para rimar com isso. Corri o mais rápido que pude, ainda tinha que passar na Galeria e tentar convencê-la de ficar com aquela obra, mas ela já tinha me dito que não a queria lá, era muito fora do contexto de suas peças, não entendi, achei que era pessoal. Mesmo assim fui mais uma vez lá.
Empurrei a porta e senti o cheiro daquele incenso de tangerina, me deu certo enjôo ainda não havia comido nada saudável naquele dia, a não ser um pão de queijo e um café puro, a sineta da porta tocou e observei que talvez ela tivesse limpado os vidros, pois achei a sala mais iluminada. A arrogância com que me tratava parecia algo além de minha compreensão, mas precisava dela não conhecia mais ninguém que pudesse vender minhas esculturas, e gostava do pessoal que ali freqüentava. Está certo que não era nenhum “Rodin”, nem um “Aleijadinho”, mas gostava de minhas peças. E apreciava lugares assim, não dá pra ficar na mesmice e sempre estava na procura de algo diferente.
Foi quando eu esbarrei e derrubei tudo que ele estava nos braços.
- Ah! Desculpe, me desculpe sempre tão distraída. Falei.
Abaixamos para recolher aquele monte de folhas. Pareceu-me bem clichê, um encontrão e de repente um olhar diferente.
- Não foi nada, você me paga um café e estamos quites. Ele disse.
Acho que na hora corei não me lembro direito. Alguns minutos se perderam até eu voltar no meu ritmo, realmente precisava de um café e rápido.

Milla

Nenhum comentário: