Era um corredor polonês construído de casacos baratos. Elancas, moletons e principalmente nylon. Acordara a meia hora, e agora no ônibus, era conduzido. Acompanhava a dinâmica esquizofrênica da cidade. Mais uma vez correria em seu espaço-tempo. De tipos humanos era um experimentador. Eventualmente apático, deve-se dizer. E assim, ajudava a compor, uma linda fazendinha de formigas anti-sociais.
Pulsava e se aproximava pela retaguarda um buço de pelos pretos e compridos acompanhados de sua infeliz e ressentida portadora. Olhos gordos de manteiga. Perfurava os casacos. Uma broca petrolífera que circundava. Rompia o bolo humano sem procurar coerência ou justiça sobre o como e o para onde.
Respirou-lhe na nuca. Aquele buço era ao mesmo tempo o interlúdio e a premonição.
Tanto fez que ele se entregou. Deixou-se esmagar por aqueles setenta quilos de seios e braços gelatinosos. Ele procurou compreender, usando para isso o que lhe sobrava simpatia.
Contudo, a porra da velha empacou na porta.
O sangue subiu! Creio que aqui, não cabe à mosquinha narradora roubar a consciência do pobre. A mosquinha já está esperta. Os insultos e maledicências brotam dos olhos e pronto. Até que de um salto ele venceu o ônibus. Lançou-se a passos largos no asfalto ainda balbuciando maldições. Mas felizmente ele vinha se tornando um otimista convicto.
Enquanto subia à escada rolante com o pescoço num ângulo agudo, admirava uma bela gentona enquanto silenciosamente sugeria para si mesmo.
É uma bundinha assim que faz meu dia feliz!
Um comentário:
É interessante a voz que vc dá a algumas pérolas humanas, mesmo que um tanto ordinárias. kkkkkkkkkkkkkkkkk
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